Olá amigos! Eu (Emiliano) conto neste zine minha última história, deixo a oportunidade para que, no próximo, outra pessoa conte as suas. A história que conto na verdade não é minha, mas de meu amigo Sub Comandante Marcos, de seu livro ‘‘Los otros cuentos’’. Se chama “La história del ratoncito y El gatito” é é mais ou menos assim:
“Era uma vez um ratoncito que tinha muita fome e queria comer um queijinho que estava na cozinha de casinha. E então o ratoncito foi muito decidido a cozinha para pegar o queijinho, mas acontece que se atravessou um gatinho e o ratoncito se espantou muito e correu e já não pode ir pegar o queijinho na cozinha. Então, estava o ratoncito pensando em como fazer para pegar o queijinho na cozinha e pensou e disse: - - Já sei, vou colocar um pratinho com leitinho e então, o gatinho vai tomar o leitinho porque os gatinhos gostam muito de leitinho. E, então, quando o gatinho estiver tomando seu leitinho e não se dê conta, eu vou ir à cozinha para pegar o queijinho e vou comê-lo . – Muuuito boa ideia! Disse o próprio ratoncito. E então se foi para buscar o leitinho, mas acontece que o leitinho estava na cozinha e, quando o ratoncito quis ir a cozinha, se atravessou o gatinho e o ratinho se espantou muito. Correu e já não pode ir buscar o leitinho.
Então, estava o ratinho pensando em como fazer para ir buscar o leitinho na cozinha e pensou e disse: - Já sei, vou colocar um pescado muito longe e então o gatinho vai correr para ir comer o pescado, porque os gatinhos gostam muito de pescado. E então quando o gatinho estiver comendo o pescado e não se dê conta, eu vou ir a cozinha para pegar o leitinho para colocar num pratinho e então, quando o gatinho estiver tomando seu leitinho e não se dê conta, eu vou ir a cozinha para pegar o queijinho e vou comê-lo. –Muuuito boa ideia – disse o próprio ratoncito. E então foi buscar o pescado mas acontece que o pescado estava na cozinha e, quando o ratoncito quis ir a cozinha, se atravessou o gatinho e o ratinho se espantou muito e correu e já não pode ir buscar o pescado.
E então o ratoncito viu que o queijinho que queria, o leitinho e o pescado, todos estavam na cozinha e não podia chegar porque o gatinho o impedia. E então o ratoncito disse: - Já basta! – e pegou uma metralhadora e deu muitos tiros no gatinho e foi a cozinha e viu que o pescado, o leitinho e o queijinho já se haviam perdido e já não se podia comê-los e então voltou onde estava o gatinho e o cortou em pedacinhos e logo fez um grande assado e logo convidou todos seus amiguinhos e amiguinhas e então fizeram uma festa e comeram o gatinho assado e cantaram e bailaram e viveram muito felizes. E a história começou...
Este é o final do relato e o término desta carta. Os recordo que as divisões entre países servem somente para tipificar o delito de “contrabando” e para dar sentido as guerras. É claro que existem, ao menos, duas coisas que estão acima das fronteiras: a primeira é o crime que, disfarçado de modernidade, distribui miséria a escala mundial; a segunda é que a esperança de que a vergonha somente exista quando alguém erra o passo no baile e não cada vez que nos olharmos no espelho. Para acabar com o primeiro e para fazer florescer o segundo, só faz falta lutar e ser melhores. O restante segue sozinho e é o que costuma encher bibliotecas e museus. Não é necessário conquistar o mundo, basta construí-lo de novo... Saúde e sabei que, para o amor, uma cama é só um pretexto; para o baile a música é só um adorno; e para lutar, a nacionalidade é unicamente um acidente meramente circunstancial.’’
Até a vista...
Tradução Karen Gonçalves
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